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domingo, 1 de setembro de 2013

"O antigo do que vai adiante"


Queria encontrar o avesso do resto. Lá onde ninguém mais habita. Um lugar-qualquer-desconhecido. Tocado antes em tempos de quimera por mãos e pele tão conhecidas quanto belas. Terra pisada outrora por pés descalços e brincantes. Um quintal que guardava um eterno julho de céu azul e brisa marinha. Uma acolhida de rede na varanda para as tardes ensolaradas com sabor de suco de manga. O ser que por lá passar nem pó encontrará. Verá talvez um vislumbre de uma casa onde até a poeira já se desfez da espera e tomou o rumo do vento. Um vilarejo que ninguém ousa morar. A distância e a escuridão assusta os covardes. Não os julgo. Percorrer tamanho caminho e deparar-se com o frio e com o ensurdecedor silêncio anima no máximo os loucos. Ou os que a lucidez tem em excesso. Um tipo excêntrico de lou-cura. E essa é a sina, parece. Ninguém mais para fazer morada. Por mais tendas que sejam montadas.

"Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou
[...]
Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante..."




Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.

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