Queria encontrar o avesso
do resto. Lá onde ninguém mais habita. Um
lugar-qualquer-desconhecido. Tocado antes em tempos de quimera por
mãos e pele tão conhecidas quanto belas. Terra pisada outrora por
pés descalços e brincantes. Um quintal que guardava um eterno julho
de céu azul e brisa marinha. Uma acolhida de rede na varanda para as
tardes ensolaradas com sabor de suco de manga. O ser que por lá
passar nem pó encontrará. Verá talvez um vislumbre de uma casa
onde até a poeira já se desfez da espera e tomou o rumo do vento.
Um vilarejo que ninguém ousa morar. A distância e a escuridão
assusta os covardes. Não os julgo. Percorrer tamanho caminho e
deparar-se com o frio e com o ensurdecedor silêncio anima no máximo
os loucos. Ou os que a lucidez tem em excesso. Um tipo excêntrico de
lou-cura. E essa é a sina, parece. Ninguém mais para fazer morada.
Por mais tendas que sejam montadas.
"Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou
[...]
Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante..."
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
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