quarta-feira, 27 de maio de 2009
"...tudo o que eu peço é um final clichê."
Quando eu era criança, assistia aos filmes "tipo sessão da tarde"
e ficava semanas encenando tudinho o que acontecia no filme com qualquer objeto que via pela frente.
Tinha sempre um lindo final e acabava por me sentir satisfeita com minha performance e com o destino que havia designado a mim mesma.
Depois os filmes se complicaram...
O "happy-end" passou a significar filme sem muito valor.
[e com isso lá se foi toda minha imaginação de infância].
Quanto mais distante o filme fosse daquilo que eu aprendera a assistir/atuar, melhor.
Fez-se ausente a simplicidade nas relações, fossem elas passageiras,
cotidianas, pontuais... Lá se foi o sorriso de satisfação com
a "subida" dos créditos na telinha.
Ficaram as lágrimas, os questionamentos quanto à compplexidade da vida, do amor, das amizades...
Ficou a sátira quanto ao "destino" cruel e irônico que por vezes nos deparamos... E isso passou a ser constância.
De uma forma menos consciente do que na infância, passei a acreditar que a vida era mesmo dolorosa, cheia de estranhas coincidências e sofridos acasos.
Não atuava mais não. Vivia mesmo.
A dramaticidade era tão certa quanto o ar que circundava-me por dentro e por fora [e eu nada disso suspeitava, acredito].
Já hoje, bem... Quero mais não.
Nem a simplicidade em excesso [nada de previsibilidade],
nem a dor desnecessária.
Drama, paixão e alegrias desmedidas precisarão aprender a "con-viver" por aqui. [meu coraçãozinho é quem pede]
Hoje, "tudo o que eu peço é um final clichê"
Sem complicações. Só isso...
Só?
[Os filmes, aqui, entraram como mera ilustração e metáfora.
Na realidade, adoro filmes complexos, aqueles que demoro que só
a entender :D.
E gosto é muito, também, daqueles simples, com histórias até previsíveis.
Há momentopra tudo nessa vida, né verdade?] =p
Cinema incompleto (Núpcias)
Thaís Gullin
Tem dias que nem comecei a terminar
tem dias como este
as bodas que mal posso adivinhar
de tão inexistentes
Ninguém me perguntou
das flores do meu filme
Nem um qualquer gostou
dos sonhos que eu já tive
Invento novos beijos
não espero sorrir
Freqüento outros desejos
eu quase desisti
Eu cansei
Beijos, brilhos, brindes, brigas, margaridas
que eu não cometi
Já confiei à Santo Antônio e estrela D'alva
o que eu jamais vivi
Guarde suas cores do meu filme
que não ouso revelar
Sonhei possíveis sobrenomes e ninguém insiste em me achar
Tem dias que nem comecei a terminar...
Beijos, brilhos, brindes, brigas, margaridas
que eu não cometi
Já confiei à Santo Antônio e estrela D'alva
o que eu jamais vivi
Guarde suas cores do meu filme
que não ouso revelar
Sonhei possíveis sobrenomes e ninguém insiste em me achar
Tudo o que eu peço é um final clichê.
.amo essa música.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
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2 comentários:
eu sempre venho aqui, mas nunca tinha deixado nenhum comentário. gosto que só dos teus fragmentos. vou add lá no meu, pra gente ser vizinha,tá? um beijo bem grandão em tu
São tipos diferentes de poesias cotidianas. quando crianças a poesia fica com a graça do ireal. quando crescida a poesia tem a graça do vivido. é nós na fita, total.
Ninguem me pergunot das flores do filme também!
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