Silêncio.
Meu corpo jogado no abismo.
O rumo? Quem sabe?!
Quisera ir na direção da curva
do vento. Já me mandaram tantas vezes para lá, afinal.
Som. Batidas frenéticas
anunciam. O quê? A queda final? O início da jornada? O fim próximo?
Vozes. Rangidos. Gritos. Vultos.
Sombra. Penumbra. Reflexos. Nada alcanço.
Me [des]encontro em cada som.
Cada ser que cruzo é surpresa e
efemeridade..
O que buscam?
Olhares profundos que penetram
minha'lma. [se é que tem alguma aí].
Quê dizem esses olhares?
Aprendi uma vez que o corpo
fala. Talvez seja(m) outra(s) a(s) língua(s) desses corpos.
Continuo a cair.
Arrisco-me pendurando-me em
paredes criadas em algum canto do meu [in]consciente.
Breves instantes perduram até
ser retomada a queda.
As vozes anunciam uma rota.
Outros corpos e olhares cruzam o
caminho.
Decifro uma respiração de
relance. Quero voltar e confirmar meu instinto primeiro. Impossível.
“Um olhar de amor”. Estaria eu certa em pensar assim? “Um olhar
de amor”...
Difícil certificar-se de algo
quando não se pode [re]viver ou quando parâmetros não há.
Suor escorrendo. Gota a gota.
Gota a gota. De suor... Não! De sangue! SANGUE!
Amor que nada! “Quero seu
sangue!” era o que dizia, enfim, aquela respiração.
Tolinha. Como pude confundir-me?
Eu que do vôo só conheço a queda.
Vozes e vento.
Sons, suor e sangue.
Sem paredes para pausas.
No segundo sempre derradeiro que
me consome, só uma pergunta martela minha mente:
Que lugar é esse?
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
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