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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Das feridas e portas

Um feixe de luz em minha face brincava
Feridas abertas, portas fechadas.
Olhos fixos no retrato,
mente dispersa na construção do devir.
Por razão ignorada, palavras tuas me aquietavam.

Que dizer da espera?
Respostas não vinham, nem as buscava. 
Que dizer da paciência e da empatia?
Basta-me o plenamente viver.
É no risco inteligente que gasto-me,
apesar da teimosa nostalgia.

Encontro-me em papéis, em memórias inacabadas
Em risos ingênuos, embalando-me os sonhos
E a “ausência”  deles.
[Des]encontro-me em ti, na tua voz pela madrugada.
Não. Não busco juntar ilusões, nem as inteiras, nem as quebradas.
Não as mesmas. Outras talvez. Ou nada.

Quantos foram os tempos percorridos?
Pergunto-me a cada dia.
Quais as estradas cruzadas, as esquinas dobradas 
Os céus compartilhados?
Não sei, tampouco saberei.
Não  é, afinal, o saber que satisfaz.
Antes sentir e saborear.
Antes partir, mas ficar.

Anoiteço ouvindo-te.
E solto-me. E jogo-me.
Como se teu peito fosse meu abrigo.
E amortecedores as tuas mãos. 
Adormeço, enfim.
Feridas fechadas, portas abertas.


Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.

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