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sábado, 29 de dezembro de 2012

Derradeira




Porta aberta.
Casa iluminada, brisa a percorrer os cômodos.
Silêncio.
Flores no quintal, cheiro de manjericão e terra molhada.
Fotografias emolduradas.
Memórias flutuantes.
Projeções e porvir.

Não. Não é o novo ano que se aproxima.
Não são os fogos de artifício, as roupas brancas e as felicitações
[por mais sinceras que sejam].
É que todos os dias há uma certa contagem regressiva
que pulsa e grita e ensurdece e apavora e dói.

Talvez seja sabedoria lembrar disso somente uma vez por ano
e transformar isso tudo em esperança, recomeço, sonho,
em segunda, terceira, quarta... chance.

Que seja.
Melhor seguir o fluxo.
Uma ilusão a mais deve adiantar no final.

Ou no início.

Sigo. [sigamos]
Apesar de.
E há, em cada canto do corpo,
todos os dias,
um novo ano a sussurrar :
viva!




Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.

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