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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Dos lacres, superfícies e fragmentos

Eu mergulhava.
Queria fugir da superfície.
Enquanto isso, reparava a paisagem que à minha frente se formava:
A composição [im]precisa do devir.
Teu corpo confundia-se com o cenário.
O vento castigava.
Espalhava as cinzas das horas.
As páginas do livro.
Os pêlos do cachorro.
O vento te fazia fragmento em meio aos grãos pequeníssimos de areia.
E você indo.
Eu buscava profundidade.
Tu querias estar ali, por ora.
Apenas permitindo-se ir.

Não vá ainda.

Uma superfície rompida pode até fragmentar-se.
Um coração lacrado não se permite mergulhar.

"E se eu achar a tua fonte escondida, te alcanço em cheio o mel e a ferida..."



Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.

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