Vem chuva.
Aplaca-me nessa madrugada
já que poesia alguma me encontra.
Molha como se terra eu fosse
e minhas veias entranhas tuas.
Misture-se
ao meu sangue, rio adormecido
que segue sorrateiro em oposição ao leito
que já não bate.
Dorme.
Oxalá sonhe. Ou morra.
Para nascer outra vez.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
segunda-feira, 5 de junho de 2017
quinta-feira, 23 de março de 2017
Touch screen
Escrever com a ponta dos dedos em uma página digital.
A ilusão do alívio imediato.
Tsc tsc
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
A ilusão do alívio imediato.
Tsc tsc
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
Calendário
Um dia a mais.
Um dia a menos.
Mais uma hora pra conta.
Menos algumas de sonhos.
A claridade faz ver. Mas também cega.
Não. Hoje não é sexta.
Nem depois de amanhã será.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
Um dia a menos.
Mais uma hora pra conta.
Menos algumas de sonhos.
A claridade faz ver. Mas também cega.
Não. Hoje não é sexta.
Nem depois de amanhã será.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
domingo, 18 de dezembro de 2016
quando chove e
na verdade é poesia
costuma ficar no meio da porta mirando o quintal a reparar os detalhes da terra molhada
e da cadela a se divertir na lama
apesar do medo de água que a consome desde o primeiro contato com o líquido
no ventre maternal
ainda bem que a matéria da chuva é mais poesia que água
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
terça-feira, 3 de maio de 2016
Rastro
Quando pousar nos meus ombros
os primeiros raios
e a febre efêmera da madrugada
já não existir
inspirarei meus rastros, feito poeira nos móveis
que a gente teima em esconder
só que ao avesso.
Exponho. Mostro.
Solto vestígios.
Não sei ao certo se é
para alguém [me] achar.
Desconfio que seja para não [me] perder.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Dissonante
Apenas sigo.
Entre músicas da década de 60 e textos que custo querer entender,
são letras dançantes.
O som, de chuva.
Estou quente
e assim quero permanecer.
Culpa camuflada de medo.
Medo disfarçado de desesperança.
Poderia amar, sentir, desejar, sonhar?
Tá frio lá fora.
E é cinza o mundo, as ideias, as pessoas.
Carrego um colorido dissonante no peito.
Não pesa. Suspende.
Perigoso, é.
Assumir contentamento discrepante não é são.
Resta-me seguir incoerente e colorida.
Sem placas no caminho.
Sopram os ventos.
Quente estou
e assim quero permanecer.
Blowing in the wind - Bob Dylan
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
Entre músicas da década de 60 e textos que custo querer entender,
são letras dançantes.
O som, de chuva.
Estou quente
e assim quero permanecer.
Culpa camuflada de medo.
Medo disfarçado de desesperança.
Poderia amar, sentir, desejar, sonhar?
Tá frio lá fora.
E é cinza o mundo, as ideias, as pessoas.
Carrego um colorido dissonante no peito.
Não pesa. Suspende.
Perigoso, é.
Assumir contentamento discrepante não é são.
Resta-me seguir incoerente e colorida.
Sem placas no caminho.
Sopram os ventos.
Quente estou
e assim quero permanecer.
Blowing in the wind - Bob Dylan
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
No centro do peito
Há algo que muda o olhar.
Miro a cidade, as pessoas e a mim mesma d'outra forma.
Esse algo indizível explode na pele.
Choveu.
Um lugar para habitar e percorrer, para contemplar e descobrir.
Amor.
Para escutar na chuva e nessa nova estação: "To love somebody", Janis Joplin.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
[Estômago embrulhado. A digerir concretos]
Dói o estômago nessa ansiedade noturna
a confundir-me com fome e sede,
uma desculpa qualquer para abrir-fechar a geladeira.
Passos roucos, sussuro pouco, grito mudo.
Silêncio que invade e desabita
na noite-quase-dia.
a confundir-me com fome e sede,
uma desculpa qualquer para abrir-fechar a geladeira.
Passos roucos, sussuro pouco, grito mudo.
Silêncio que invade e desabita
na noite-quase-dia.
E dentro só anoitece.
Dói a
ansiedade.
Gastrite misturada com fome.
Não me esquivo de senti-la.
Mesmo com a dor física,
a questão é não saber o porquê.
Gastrite misturada com fome.
Não me esquivo de senti-la.
Mesmo com a dor física,
a questão é não saber o porquê.
Se são as dores do mundo que se
acumulam e pesam;
as palavras não ditas ou os silêncios;
as palavras não ditas ou os silêncios;
a solidão ou a multidão;
o amanhã incerto ou o presente sólido a desmanchar-se no ar;
o amanhã incerto ou o presente sólido a desmanchar-se no ar;
as poesias não escritas e a fome de
dizê-las;
se é a vontade de ficar e o desejo de
ir;
o resto e o que não será... Não sei.
Queria que fosse apenas por um nome,
um
rosto, um romance ou promessa disso.
É que, ultimamente, escapam de mim cousas assim.
Queria um eufemismo chamado paixão.
É que, ultimamente, escapam de mim cousas assim.
Queria um eufemismo chamado paixão.
É
melhor quando arde o peito e não o estômago.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
(Re)existir
Algumas madrugadas fazem despertar memórias e desejos inéditos de futuro. Palavras que não ouso dizer sequer em silêncio. Esperanças vãs. Revelam eus desconhecidos sobretudo por mim.
Madrugadas avessadas.
Atravessam minha respiração e existência. Me colocam não frente a frente, mas por dentro e ao avesso. Mil faces ocultas.Visão caleidoscópica.
Desejo de (de)existir.
Necessidade de (re)existir
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
Madrugadas avessadas.
Atravessam minha respiração e existência. Me colocam não frente a frente, mas por dentro e ao avesso. Mil faces ocultas.Visão caleidoscópica.
Desejo de (de)existir.
Necessidade de (re)existir
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
Esvaziar-se é preciso
São quase cinco e o vazio alarma.
Fome e ânsia
servida em bandeja nessa madrugada.
Suor e sono faltam-me.
Calo.
Tem som próprio a noite dentro-fora de mim.
Emudecer faz gritar até os poros.
Dormir alimenta.
Já estou cheia. Apesar da falta.
De inquietudes
silêncios e vazios
[desejo]
ser preenchida.
Quimera.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
Fome e ânsia
servida em bandeja nessa madrugada.
Suor e sono faltam-me.
Calo.
Tem som próprio a noite dentro-fora de mim.
Emudecer faz gritar até os poros.
Dormir alimenta.
Já estou cheia. Apesar da falta.
De inquietudes
silêncios e vazios
[desejo]
ser preenchida.
Quimera.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
Entre deuses
Descansa a noite.
Ergue-se o dia.
É no nascer
dos primeiros
raios
solares
que caem
as pálpebras
insólitas
e arredias.
Rendem-se.
Reina
impávido Hypnos.
As pestanas da
janela
de minha'lma
caem.
E sonham
Dionisos.
Um fragmento de Neta. Evenice Netíssima.
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